segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A despedida do amor



Existem duas dores de amor:

A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.

A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também...

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida... Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, lógicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar.

É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a "dor-de-cotovelo" propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: "Eu amo, logo existo".

Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente...

E só então a gente poderá amar, de novo.

Martha Medeiros

domingo, 22 de agosto de 2010

Não desista... Não se dê por vencido!



"Na vida, ao contrário do xadrez, o jogo continua depois do xeque-mate".

Isaac Asimov

Então, sempre é tempo de fazer mudanças, reparos, de tentar de novo, de se dar mais uma chance. Não importa em que setor da vida está meio emperrado. Estar parado por aí, bem pode ser um ponto de partida. Com tantas voltas que a vida dá - quem sabe na próxima rodada, você possa ir adiante.

Uma coisa impressionante no dia-a-dia de cada um é a capacidade de renovação que todo indivíduo tem. Pense um pouco na cicatrização da pele, por exemplo. Quantas e quantas vezes a pele das mãos sofreu algum tipo de abrasão, arranhão, queimadura, corte, entre mil outras coisinhas capazes de machucar, ferir ou magoar a pele fina do dorso de ambas as mãos?

O mesmo me parece que ocorre lá por dentro de todos nós. Não importa a raladura que a alma levou, ela vai acabar se refazendo, vida após vida que seja, mas com certeza, numa delas, ela irá se refazer. E se é possível realizar este trabalho de restauração minuciosa e delicada da alma, que dirá o bom trabalho que podemos fazer com os sentimentos e coma as frustrações vividas, que não são poucas para a pessoa humana no dia-a-dia.

Sei que é sofrido o caminho até encontrar o melhor remédio. Pode ser mesmo demorado para descobrir o remédio certo que melhore a dor, talvez ainda estejam pesquisando, fabricando aquele que servirá para esta sua dor.

Mas o tempo, ah, o tempo, fiel escudeiro... que tem nele a marca registrada dos que já tiveram feridas abertas e cicatrizadas por conta única e exclusiva dele.

Entretanto, o importante é saber que é de dentro para fora que se realizam as melhores cicatrizações. Então, se está esfolado, magoado, se dê um tempo, chore sua dor, lamba suas feridas, isso não é sinal de fraqueza ou de gente chata que quer ficar vivendo da dor; cada um sabe o tamanho do estrago que causou àquela determinada situação. Ninguém mais é capaz de avaliar com precisão o estrago que fez em outrem aquela dor.

O como cada um sente e reage à determinada circunstância dolorosa é muito particular. Pode, sim, quem está de fora, através da empatia, supor o que o outro está sentindo, mas com exatidão não dá...

Então, não permita que outros julgamentos puxem suas orelhas, faça com tranqüilidade e consciência a análise da própria dor. E não desista! Não se dê por vencido, esta dor um dia passa e o jogo há de continuar!

Cássia Marina Moreira

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Tempo...



Há tempos em nossa vida que contam de forma diferente.

Há semanas que duraram anos, como há anos que não contaram um dia.

Há paixões que foram eternas, como há amigos que passaram céleres, apesar do calendário mostrar que eles ficaram por anos em nossas agendas.

Há amores não realizados que deixaram olhares de meses e beijos não dados que até hoje esperam o desfecho.

Há trabalhos que nos tomaram décadas de nosso tempo na terra, mas que nossa memória insiste em contá-los como semanas.

Há casamentos que, ao olhar para trás, mal preenchem os feriados das folhinhas.

Há tristezas que nos paralisaram por meses, mas que hoje, passados os dias difíceis, mal guardamos lembranças de horas.

Há eventos que marcaram e que duram para sempre, o nascimento do filho, a morte do pai, a viagem inesquecível, um sonho realizado. Estes têm a duração que nos ensina o significado da palavra "eternidade".

Já viajei para a mesma cidade uma centena de vezes e na maioria das vezes o tempo transcorrido foi o mesmo.

Mas conforme meu espírito, houve viagem que não teve fim, como há percurso que nem me lembro de ter feito, tão feliz eu estava na ocasião.

O relógio do coração - hoje eu descubro - bate noutra freqüência daquele que carrego no pulso.

Marca um tempo diferente, de emoções que perduram e que mostram o verdadeiro tempo da gente.

Por este relógio, velhice é coisa de quem não conseguiu esticar o tempo que temos no mundo.

É olhar as rugas e não perceber a maturidade.

É pensar antes naquilo que não foi feito, ao invés de se alegrar e sorrir com as lembranças da vida.

Pense nisso.
E consulte sempre o relógio do coração:
Ele te mostrará o verdadeiro tempo do mundo.

Autor Desconhecido

domingo, 1 de agosto de 2010

Definitivo, como tudo o que é simples.




Nossa dor não advêm das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?

O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que os fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.

Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.

Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?

A resposta é simples como um verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

Carlos Drummond de Andrade