domingo, 19 de setembro de 2010

Aceitar o fim



Resistir à mudança é uma atitude bastante comum nos seres humanos. Tendemos a querer permanecer numa zona de conforto, onde só experimentamos o que é conhecido, embora não necessariamente bom.

Aceitar que tudo na existência tem um tempo de duração, - não apenas a nossa vida -, é uma lição que precisamos aplicar, a cada minuto da jornada no planeta, se quisermos deixar de sofrer.

A metáfora da morte se repete em inúmeras situações de nosso cotidiano, no emprego que já não nos faz felizes, no relacionamento que já não preenche nossa necessidade de afeto, e muitas outras circunstâncias.

Entretanto, seguimos nos recusando a deixar ir o que já não nos serve, numa teimosia que tem suas raízes no medo do desconhecido. Por que insistimos tanto em olhar para os novos desafios como uma ameaça?

Talvez porque não nos consideremos capazes de dar conta do recado e enxergamos em cada situação inesperada uma armadilha que nos levará para o abismo.

Entregar-se confiantemente aos acontecimentos que fogem ao nosso controle, a respeito dos quais nada podemos fazer, é a maneira mais sábia de fluir com a corrente da vida, que sempre nos leva para a evolução e o crescimento interior, por mais que duvidemos disto.

Sem confiança, a aceitação é apenas um discurso vazio, que não encontra eco em nosso coração, mas apenas repete conceitos assimilados pela mente, que não se sustentam por muito tempo.

Enquanto nos mantivermos resistentes a toda forma de renovação em nossa vida, seguiremos como robôs, apenas repetindo velhos programas que já não se harmonizam com nosso presente, movidos pelo medo de deixar vir uma nova experiência.

"...Você deve estar pronto! É isso que eu chamo de meditação: você deve estar pronto. Quando algo se vai, você deve estar pronto! Deve deixar que vá. Não deve reclamar. Não deve fazer uma cena - quando alguma coisa foi embora, foi!

Você amou uma mulher, amou um homem e, então, chega o momento da despedida. Esse momento mostra o homem real. Se você reclama, reluta, tem má vontade, sente-se raivoso, violento, destrutivo, você não amou absolutamente essa pessoa. Se você a amou, a despedida será um belo fenômeno. Você se sentirá gratificado. Chegou a hora de partir e você pode dizer adeus de todo o coração - se você amou a pessoa se sentirá gratificado!
Mas você nunca amou - pensou sobre o amor, fez de tudo, menos amar. Agora chegou o momento da despedida e você não pode dar um belo adeus, porque agora você compreende que perdeu a oportunidade, que perdeu tempo - nunca amou, e o homem ou a mulher está partindo. Você sente raiva, torna-se violento, agressivo.

... Enquanto você estiver com alguém, ame, pois ninguém conhece o próximo passo, e o momento da despedida chega. Se você amar alguém realmente, a despedida será bela. Se você amou a vida, se despedirá dela de um modo bonito também. Sentirá gratidão.

... Houve misérias, mas houve bênçãos também. Houve sofrimento, mas houve felicidade também. E se você viveu as duas coisas, saberá que o sofrimento só existe para que você seja feliz. A noite existe para lhe dar um novo dia."

Elisabeth Cavalcante

5 comentários:

  1. Ah, como é difícil esse 'deixar ir'...
    Nesse exato momento, estou me sentingo agarrada ao pé de alguém sem coragem pra largar (apesar de saber que isso vai ser melhor...).
    Coisas da vida: na teoria a gente sabe o que deve fazer, mas na prática..huuummm...quanta dificuldade!!!
    Beijocas!!

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  2. Adorei o texto! Uma ótima reflexão para essa manhã de terça. Parabéns ao blog.

    Cai aqui por acaso e adorei!

    www.fabiolacangussu.blogspot.com

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  3. Eu não consigo aceitar o término de uma relação que durou quatro meses,mas foram os meses mais intensos e sublimes que tive em minha vida. Ele, de repente, me disse que estava namorando e que a namorada morria de ciúmes de mim.No outro dia conversamos e eu chorei muito, mas ele continuou com ela e hoje, apesar de nos falarmos sempre e eu perceber um certo arrependimento pela escolha dele, ele me fala que a familia dele tomou antipatia pela atual namorada e ela o convidou para morarem juntos (e eles estao namorando ha menos de três meses) e ele está indo e ainda perguntou o que penso, como se fosse mudar algo...estou muito triste, frustrada.Não consigo mais viver bem após isso tudo, ele prometeu que iriamos nos casar e seriamos felizez, que tinhamos afinidades e que eramos feito um para o outro...o que aconteceu que tudo mudou?Eu continuo gostando dele,penso nele a todo momento e choro muito...como queria que a nossa história tivesse seguido em frente...eu não sei o que fazer...

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  4. Bem... é como foi dito, na teoria tudo é fácil, nós realmente sabemos o que deve ser feito, mas aceitar... aaaaaaaah... aceitar é uma batalha longa com nosso próprio eu. Me encontro em uma situação, em que eu sei que o fim é o melhor, mas não consigo aceitar... e mesmo que eu diga desesperadamente, pra mim mesma, não consigo aceitar.....
    Adorei o texto! Parabéns!

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