quinta-feira, 16 de abril de 2009

Estamos com fome de amor



Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!

Arnaldo Jabor

8 comentários:

  1. Muito bom este texto do Jabor, é a realidade.
    beijo e lindo final de semana

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  2. Concordo plenamente com esse texto. Estamos totalmente carentes de amor, e a frase do Renato Russo foi muito bem citada. Eu já escrevi vários poemas sobre esse assunto.

    Estamos vivendo em um estado tão grande de alienação, que estamos nos tornando profissionais também na vida. Eu já sou contra a idéia boba de profissionalismo, onde se preza a idéia de impessoalidade, e ai, todo mundo vira máquina, ao invés de agir como ser humano, de agir com humanidade, levando em consideração a subjetividade dos problemas humanos.

    Mas agora, estamos levando isso para o nosso momento pessoal. E ai todo mundo fica solitário e austero. É como se fossemos literalmente máquinas, que após a jornada de trabalho, simplesmente fossemos desligados, esperando a jornada do dia seguinte.

    Um grande abraço,
    Átila Siqueira.

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  3. Tá certa.... texto ótimo esse, muito verdadeiro!!
    Bjos!

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  4. Amigo é aquela pessoa que o tempo não apaga,
    que a distância não esquece,
    que a maldade não destrói.

    É um sentimento que vem de longe,
    que ganha lugar no seu coração
    e você não substitui por nada.

    É alguém que você sente presente,
    mesmo quando está longe...
    Que vem para o seu lado quando você está sozinho
    e nunca nega um sentimento sincero.

    Ser amigo não é coisa de um dia,
    são atos, palavras e atitudes
    que se solidificam no tempo
    e não se apagam mais.
    Que ficam para sempre como tudo que é feito
    com o coração aberto.

    Um bom domingo e uma semana cheia de amor e carinho para você e toda tua família
    Um abraço do amigo
    Eduardo Poisl

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  5. O mundo precisa de amor!
    Bjinhos da Madrasta!

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  6. “Nada há de mais poderoso que uma idéia
    Que chegou no tempo certo.”
    Victor Hugo

    Tenha uma semana maravilhosa.
    Abraço

    Sônia

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  7. Estamos desesperados ate por amor..
    beijos

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  8. Todos bebemos da mesma fonte, que é o sentimento, é dele que buscamos forças no dia a dia pra enfrentar esse mundo tão cheio de adversidades e porque não dizer, de injustiças, o importante é deixarmos esses sentimentos fluir através de nossas ações, gestos e pensamentos...

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